terça-feira, 23 de outubro de 2012

Capítulo X - Culpa.


Podia sentir o coração de Katherine bater forte, apenas com seu corpo apoiado em meu braço, ela estava bastante nervosa, afinal, tremia levemente. Abrimos a porta sorrateiramente, e podemos ver um garoto de costas. Seus cabelos negros iam até o final de sua nuca, e parecia se arrumar numa franja, era bastante alto e levemente torneado, parecia concentrado num livro qualquer. Cocei a garganta.
- Ah, oi – disse ele distraído, e então, voltou sua atenção para mim, arregalando seus olhos. – Justin Bieber? – mas antes que eu pudesse dizer algo, ele fitou Katherine, e o pequeno sorriso que estava em seu rosto, se foi. – Kath?
- Oi Josh, fico feliz por ainda lembrar de mim – disse ela baixinho – Mereço um abraço?
Katherine’s POV.
Antes de caminhar até mim, Josh primeiramente fitou Justin, e deu-me um sorrisinho, vindo até mim e me dando um abraço, e um beijo na bochecha, assim que aqueles piercings encostaram em mim, imediatamente tive uma corrente elétrica passando por meu corpo. Eu nunca tinha abraçado tão forte meu irmão assim.
- A gente precisa conversar sério mais tarde – ele cochichou em meu ouvido.
- E aí cara – Justin disse assim que Josh o cumprimentou.
- Eu nem acredito nisso, Justin Bieber aqui, com a minha irmã – ele parecia animado, e eu nunca me senti tão bem por vê-lo assim. – Eu tenho todas suas revistas, uma coleção – disse pegando uma caixa e colocando sob sua mesa de trabalho.
- UAL! – Justin disse animado – Você tem desde a primeira, quando eu tinha meus 17 anos.
Ri um pouco e preferi deixá-los sozinhos, Justin era o ídolo de Josh, e depois de tanto tempo, eu devia pelo menos isso a ele. Saí da sala, voltando a livraria, onde a garota loira folheava um livro da saga Percy Jackson.
- Han... – olhei em volta – Deixei Justin conversar com o meu irmão. Ele parece ser fã dele.
- Você é Katherine White? – a garota se assustou levemente, mas eu apenas assenti. – Sou sua cunhada – ela sorriu de lado.
- Ai meu Deus, você namora meu irmão? Quanto tempo eu perdi! Ele tem bom gosto – ri animada, meu irmãozinho tinha uma namorada, linda e simpática. Puxou a irmã no bom gosto, modéstia a parte.
- E o Justin é meu cunhado – Josh saiu de sua sala, com o loiro logo ao lado. – Você está namorando o meu ídolo Kath, isso é incrível!
- Estou? – fiz cara de surpresa, olhando para os dois.
- Só se quiser – Justin sorriu, me abraçando de lado e dando-me um beijo na bochecha.
- Awn, aceita! – a namorada de Josh disse, nos fazendo rir.
- Ashley, calma – Josh riu.
- Desculpa, foi automático... Mas aceita!
- Eu aceito... Cunhada. – ri e então Justin puxou-me para seu corpo, selando nossos lábios numa ternura tão grande, que mal pude imaginar. Sem mãos bobas, sem beijo com um desejo ardente, era um beijo... Apaixonado. Por parte dele é claro, eu não sei o que é esse sentimento.
- Precisamos comemorar – Justin disse animado.
- Vamos visitar a mamãe? – sorri imediatamente.
- Kath, hã... A mamãe tá internada, tem uns seis meses. Ela está com leucemia. – Josh disse, baixando a cabeça e de repente, tudo que tinha cor, estava turvo, e posteriormente, preto, não senti nada, apenas uma leveza e quando acordei, estava num quarto de cor pastel, com Justin sentado de frente para mim, numa cadeira de balanço.
- ELA ACORDOU – Justin berrou e mexeu em meus cabelos, beijando minha testa, e levantando meu corpo, sentando atrás de mim, para usá-lo de apoio. – Seu irmão precisa te contar umas coisas. Precisamos que seja forte.
Fitei Justin assustada, e não muito tempo depois, Josh entrou no quarto com Ashley e sentou-se na cama, de frente pra mim.
- Há um tempinho atrás, nossa mãe estava vomitando direto, estava perdendo peso, vivia com dor de cabeça, dor nos ossos, e aí eu e a Ashley a levamos ao hospital, e ela fez um exame, e descobriu que tem leucemia – suspirou – Perguntaram se ela poderia ir e vir, sempre, por causa dos tratamentos e essas coisas, mas não temos condição, o que nos sustenta é essa livraria, que fica vazia a cada dia. De vez em quando vem uma quantidade boa de pessoas, e organizamos eventos para fãs, mas não é o suficiente, por isso, mamãe fica no hospital. A visitamos quando podemos, mas não podemos ir sempre. A casa está sendo requisitada, ou achamos outro lugar, ou moraremos na rua.
- Mas – dizia chorando – Por que não me avisaram?
- A Senhora White não queria te incomodar Kath, ela nunca quis. No fundo ela sente orgulho de ti, e muito, e te ver longe assim, já era um prêmio pra ela.
- No fundo? Por quê? Katherine é ótima secretária.
- Não é nada Justin. – Josh disse rapidamente. – Será que poderia nos deixar a sós um minuto? Preciso conversar com a minha irmãzinha.
- Tudo bem, eu preciso fazer umas ligações mesmo, qualquer coisa me chamem.
Todos assentiram e então Ashley e ele saíram da sala, fechando a porta, e então, o sorriso no rosto do meu irmão, tinha sumido, e tomava o lugar, um semblante sério e severo.
- Nunca entendi como a mamãe te amou tanto. VOCÊ MATOU NOSSO PAI! – começou calmo, aumentando gradativamente sua voz.
- O Justin pode ouvir – cochichei.
- EU POSSO BERRAR O QUANTO QUISER. O QUARTO TEM ISOLAMENTO DE SOM. MAS VOCÊ, NOSSA, EU DEVERIA TE BATER.
- Por quê? Porque eu matei nosso pai? Josh, quando você vai entender que ele só nos fazia mal? A todos nós? Ele foi bom até quando estávamos com nossos três anos. Sabe como foi difícil pra nossa mãe aguentar um bêbado que a batia e a xingava todos os dias? Que a fazia chorar todas as noites, que roubava todo nosso dinheiro pra droga, bebida e jogos de azar? Preferia ver a mãe sofrendo desse jeito? Eu o matei por instinto, ele ia matar a mãe, quando é que você vai entender?
- Ele era nosso pai Kath, ele nos amava, ele iria se curar, eu sei disso – Josh disse, já soltando algumas lágrimas.
- Não, não ia Josh, ele teve várias chances, e rejeitou, vem cá – levantei da cama e o abracei, mas ele pegou meus braços com uma só mão, e com uma força absurda, me jogando na cama.
- Papai sempre teve razão, você é uma vadia, sempre foi. E se eu souber que algo acontecer com o Justin, eu vou te denunciar na mesma hora, você tá me entendendo? Porque se, Deus me livre, ele aparecer morto, com certeza terá sido sua culpa.

Personagens.

Oi gente, bom, esse não será um post sobre a história (já estou providenciando o novo capítulo, tá?), mas eu queria postar as fotos de como são os personagens, como eu imagino, pra ficar até mais fácil pra vocês entenderem, tudo bem? Ok, então lá vai.
(Justin Bieber AVÁ)

  (Alexandra Daddario - Katherine White) Véi ela é totalmente minha, se vierem, matarei todas u_u.

 (Christian Beadles AVÁ)

 (Ashley Benson - Mitchel)


 (Josh White - Irmão da Katherine)

 (Ashley - Namorada de Josh)

Bom, esses são os personagens do modo que eu imagino, espero que tenham gostado e aprovado, e espero que agora tenha ficado mais fácil para vocês associarem as pessoas aos personagens. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Capítulo IX - Josh.


O sol ainda não havia saído, mas Justin e eu já estávamos dentro do avião, que decolaria dali a dez minutos. Eu não havia dito muitas palavras, apenas o essencial e alguns sorrisos, mesmo Justin tentando puxar assunto frequentemente, as palavras que Mitchel me jogaram não saíam da cabeça. “Você é uma vadia assassina e solitária”. Eu não me importei a vida toda em ser assassina e solitária, porque eu precisava tanto de visitar minha família? Não parecia ser eu. E... Por que Justin fazia tanta questão de ir comigo? Seria por causa daquelas três palavrinhas?
Minha atenção por um instante voltou-se para Justin mexendo em seu Ipad, e por um instante, analisar a foto de Angeline. Seu coque sempre impecável em seus cabelos vermelhos como o fogo, e parecia estar a vontade, sorria feito uma criancinha num vestido rosa.
- Já namoramos uma vez – Justin disse baixinho – Mas ninguém nunca soube. Eu não quis deixar isso público, foi um dos meus piores erros.
- A... Angeline? Sério?
- Por que a surpresa? – ele fez careta.
- Ah, não, por isso o ciúme dela quando eu comecei a trabalhar. Agora parece tudo estar se encaixando. A cena... O xingamento. É. – mordi o lábio.
- Ela te xingou? – o loiro arregalou os olhos.
- Hã, sim – ri de leve – Mas eu estou cansada, acho que vou dormir um pouco, quando chegarmos, me avise, tudo bem?

Justin’s POV
Antes que eu pudesse assentir, meus instintos foram mais fortes que eu. Levantei com o indicador, o rosto de Katherine, selando nossos lábios com calma e delicadeza. Ela correspondia ao beijo suavemente, e nossas línguas pareciam brincar e se acariciavam com amor, o gosto dela era diferente, com um gosto de não sei... Morango? Eu não sabia ao certo, só sabia que era maravilhoso. Partimos o beijo por falta de ar, e Katherine parecia cada vez melhor. Deu um meio sorriso e deitou sua cabeça no meu colo, e eu, completamente idiota, dei o maior sorriso do mundo, mexendo em seus cabelos.
- Bonita sua namorada – um senhor do outro lado das poltronas falou e eu dei um meio sorriso. – Cuide dela mocinho, perdi a minha em menos de um segundo.
“Menos de um segundo e eu já perco o ar
Quase um minuto, quero te encontrar
É um sentimento que preciso controlar
Porque você se foi
Não está aqui”
Rosa de Saron.

[...]
Não era nem dez horas da manhã quando chegamos, Kath estava um pouco tonta, pois tinha dormido a viagem toda sem comer nada. Ela parecia ansiosa e nervosa, como se não soubesse da reação dos seus parentes, talvez por eu estar indo com ela também, eu não sei. Na verdade, eu nunca soube muita coisa dela, ela sempre foi tão fechada, tão misteriosa. E eu tenho quase certeza de que de fato, é esse o charme essencial dela, se não fosse tão assim, acho que não me interessaria tanto por ela.
Caminhamos um pouco sem rumo, até que achamos uma lanchonete decente. Katherine não queria, mas eu lhe paguei um suco de laranja e um pão de queijo, mais um minuto, e ela desmaiaria. Mulheres, porque sempre deixando a comida pra depois? Comer é tão... Bom!
- Obrigada Justin, agora vamos? Eu acho que meu irmão vai abrir a livraria agora, e eu quero fazer uma surpresa – disse ela, parecendo animada.
- Um irmão? Nunca me contou isso – ri completamente animado – Vamos!
Eu estava realmente animado, um irmão, eu conheceria o irmão da Katherine! Eu não sei explicar, ela estava começando a compartilhar um pouquinho daquele mundo tão complicado dela. Ela estava me mostrando quem era de fato Katherine, e isso me agradava cada vez mais.
- É na próxima loja – Katherine deu um suspiro longo, e nervosa segurou em minha mão, a apertando muito e soltando uma risada – Eu estou nervosa, não o vejo desde os meus 14 anos.
- Ficou tanto tempo assim sem ver sua família? Por quê?
- Não temos uma boa convivência, eu e meu irmão. – mordi o lábio.
- Entendo – a encarei – Bom, vamos?
Katherine assentiu, e quase se enfiando atrás de mim, adentramos na loja, mas não havia nenhum garoto lá, e sim uma menina loira, de olhos azuis como o céu naquele dia.
- Com licença – tomei partido, percebendo que Katherine não conseguia, e então, a garota tirou os olhos da revista de moda e quase caiu pra trás a me ver.
- Jus... Tin editor dono da revista? – ela me olhava incrédula, e eu ria.
- Sou eu mesmo – ri mais um pouco. – Será que poderia ver Josh White? Preciso conversar com ele.
- Claro – ela disse pasma e por um segundo, fitou Katherine - E a senhora?
- Está comigo – respondi rapidamente e ela nos guiou por um corredor, tagalerando algo sobre ser uma admiradora da minha revista, mas não dei muita importância, afinal, senti Katherine a ponto de chorar. Pedi para que deixássemos seguir sozinhos, e, quando estávamos de frente a porta de Josh, Katherine soltou algumas solitárias lágrimas.
- Está pronta?
- Estou pronta há seis anos.
 "MEU IRMÃO

Quando criança
sentiamos a cumplicidade no olhar
as brincadeiras
as broncas
No sentar para comer
as fantasias próprias sa idade.
Horas de cochicho na cama
até pegar no sono.
Fomos crescendo
junto, o peso da responsabilidade
o distanciamento
outros quereres
planos que se traçam
e se frustram
sonhos que ficam perdidos na memória
Olhar longe
com receio de cruzar os olhares.
Se perdendo no muito em fazer.
Que o meu entardecer
seja o seu amanhecer,
só que esse sol é o mesmo
eu sou a mesma.
Toda vez que ver uma rosa
saiba que ela simboliza o amoresse meu irmão, que sinto por você. [...]"
Patricia Tieko 


quinta-feira, 18 de outubro de 2012


Primeiro que eu não sei nem o que dizer, sério, eu estou muito feliz com o apoio todo de vocês, olha isso! Eu estava feliz com as visualizações do Brasil, mas olha, Alemanha, Rússia, Estados Unidos, Portugal, Turquia... Sério, mesmo vocês não comentando, eu espero que estejam gostando cada vez mais, ou sei lá, eu quero dizer... Eu estou emocionada, meu Deus haha. Uma pena eu não saber falar nada, só me viro em Inglês, e em Português de Portugal porque não é tão diferente, e porque meus avós vieram de lá.
Enfim, eu quero dizer que OBRIGADA, vocês são que me fazem vir aqui todos os dias e postar, sério. E não sei, quem quiser manter contato comigo, quiser falar algo, me adiciona no msn:
"caca.beebs@hotmail.com"
E de novo... Obrigada! :3  

Capítulo VIII - Lágrimas.


Não demorei muito pra chegar em casa, pois graças a Deus o taxista foi rápido, e estava ocupado demais pra ver as lágrimas caírem pesadamente sob meu rosto. Eu não queria que nada disso tivesse acontecendo, e eu ainda teria de ligar para William e cancelar os encontros quentes como tanto ele queria, eu só sabia que não poderia fazer isso tudo, não poderia mesmo.
Subi ao meu apartamento, vendo toda aquela zona. Suspirei alto e tirei o salto, começando a arrumar toda aquela bagunça, só eu, o barulho das coisas ao tocá-las e meu turbilhão de pensamentos. Sentia como se gritassem na minha cabeça, mas eu não conseguia entender o que diziam, e pequenos homenzinhos amarrando cordas no meu coração e o apertando. Não me sentia bem.
Quando finalmente o chão já podia ser visto, meu celular tocou, mas não me animei muito em atender, era Mitchel.
- Fiz um bom trabalho? – Disse ela do outro lado do telefone.
- Han... Eu... Acho que sim. Foi ótima, meus parabéns.
- Tá tudo bem? Eu to atrapalhando, sei lá... Você tá com a voz tremida.
- Vem aqui em casa agora que eu te conto.
- Dez minutos.
Desliguei o telefone e troquei de roupa, a essa altura eu estava com um pijama branco com desenhos de flor. Novamente era eu com dez anos, vendo minha mãe apanhar, e vendo as lágrimas, junto do sangue, escorrerem em seu rosto. E lá estava eu, encolhida no sofá, totalmente amedrontada. Lembro-me como se fosse ontem.
Flashback ON
O sol começava a se por, minha mãe penteava meus cabelos enquanto meu irmão mais novo, Josh, fazia sua lição com facilidade. Ele sempre foi nosso orgulho, era apenas um ano mais novo que eu, mas sua inteligência era notável. Tudo estava até tranquilo demais, eu e Josh de pijama de ursinhos, e minha mãe com uma roupa toda velha. Não éramos ricos, pelo contrário, tínhamos que nos virar pra comer, e ás vezes, a igreja conseguia nos dar um arroz e mistura.
A calma cessou-se com um bater na porta, e eu corri para abraçar Josh, eu sabia que era nosso pai, novamente bêbado. Minha mãe disse pra ficarmos quietos no sofá, e então, encolhidos, nosso pai entrou em casa, gritando que queria dinheiro, e minha mãe sempre gritando “As crianças, cuidado!”, eu podia ver a dor transpassar nos olhos dela, mas não sabia como ajudar. E então meu pai lhe deu o primeiro tapa, abrindo seu lábio num feixe de sangue. Fechei os olhos e então ele continuou os tapas, até ela cair no chão, e depois começou a chutá-la.
- VAI PRO QUARTO AGORA JOSH, VAI! – berrei.
- Mas Kath...
- AGORA!
E então aos prantos, ele correu para dentro do quarto, ficando de baixo da cama. Com os olhos vermelhos de raiva, peguei uma faca em cima da mesa e fui pra cima do meu pai, o empurrando para longe, enquanto minha mãe sangrava no chão. Ele investiu contra mim e me deu um tapa, e então cortei um pouco de sua mão. Ele me amaldiçoou várias vezes, dizendo-me horrores, me xingando, e minha raiva só aumentava. Olhei pra minha mãe, e ela mal abria os olhos e então uma palavra foi a gota d’água.
- VADIA! – ele gritou e sem pensar duas vezes, enfiei a faca em seu estômago, tirando e a cravando em seu coração, fazendo o cair. Tomada pelo ódio, o esfaqueei por completo. Olhei minhas mãos cheias de sangue e comecei a correr. Fui até o quarto, onde Josh me olhava com medo e chorava, mas mesmo assim, parecia amargo.
- Nunca vou te perdoar Kath – disse ele seco.
Flashback OFF
Eu já chorava de soluçar quando Mitchel entrou em meu apartamento, ela olhou primeiro em volta, até me notar, totalmente diferente do habitual, e até se assustou um pouco. Caminhou lentamente e sentou do meu lado, me encarando com uma careta.
- Parece uma cachorra desmamada, levanta daí, por que tá chorando – ela riu levantando meu rosto, que deveria estar todo sujo de rímel.
- Se veio aqui pra me xingar vai embora sua piranha – disse forçando uma risada.
- O que tá acontecendo com a Katherine puta que eu conheci? – ela levantou, me olhando com nojo. – Você parece como eles, como todos os otários que matamos. É a assassina mais profissional que eu conheço, e agora parece mais um... Verme.
- MITCHEL – berrei – Por favor! Volta a ser aquela minha melhor amiga da adolescência, por favor? Eu sinto falta! Sinto falta da minha mãe, do Josh...
- Você matou seu pai aos nove, aos quinze, quando nos conhecemos, você tinha matado mais duas pessoas. Quer que eu acredite que sente falta de algo?
- Sinto Mitch, sinto falta de uma família, sinto falta deles.
Após dizer isso, ela me deu um tapa na cara, mas tão forte, que caí no chão, voltando a chorar.
- Você é uma vadia assassina e solitária, aceite.
Eu não tive forças pra voar em seu pescoço, apenas peguei uma almofada e joguei nela, berrando um: SAI DAQUI! AGORA. Ela deu de ombros e saiu rindo como aquelas garotas do colegial, que te zoam e te fazem sentir um lixo, e saem sorrindo, como se tivessem feito a coisa mais acertável do mundo.
Não demorou muito e desisti de chorar, fui até o banheiro e lavei meu rosto e indo até a cozinha e tomando um copo d’água. E eu acho que nunca havia dado um suspiro tão profundo quanto aquele. Minha cabeça doía, e aquela vontade de quando tinha meus 14 anos voltou a tona, me cortar, mas eu não faria isso, não mesmo.
O telefone tocou antes que eu pudesse pegar a faca, e eu nunca me senti tão aliviada.
- Alô – disse disfarçando minha voz de choro.
- Kath? Você tá chorando? Sou eu, o Justin.
Merda.
- Oi Justin. Ah... É, você adivinhou. – ri de leve.
- Tá tudo bem? – Nossa como aquela voz preocupada mexia comigo.
- Vai ficar – garanti – O que houve?
- Eu acabei de passar um e-mail pra todos os funcionários, que não trabalharemos por uma semana, em luto. Mas eu queria saber como você está.
- Eu to bem. E Justin, será que nesse tempo eu posso viajar? Quero visitar minha família, to com MUITA saudade. Eu sei que preciso tratar dos seus assuntos mas... Eu realmente preciso.
- Onde moram?
- Ohio.
- Vou comprar duas passagens, viajamos amanhã cedo.
- Justin eu não acho que...
- Ei, eu quero ser o primeiro ao ver o seu sorriso. Eu vou contigo, e faço questão de pagar tudo. Sem discussão.
"Que todo mundo tenha um amor quentinho.
Descanso pro complicado do mundo.
Surpresa pra rotina dos dias.
A quem esperar.
De quem sentir saudades.
Um nome entre todos.
O verso mais bonito.
A música que não se esquece.
O par pra toda dança.
Por quem acordar.
Com quem sonhar antes de dormir.
Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar.
Um tema pra toda história.
Uma certeza pra toda dúvida.
Janela acesa em noite escura.
Cais onde aportar.
Bonança, depois da tempestade.
Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo."
Briza Mulatinho.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Capítulo VII - Melancolia.


Justin’s POV

Meus olhos ainda marejavam, e Katherine me olhava assustada, com uma dose de compaixão. Meu peito doía, eu me sentia mal, quem sabe se eu não tivesse sido tão grosso com Angeline, ela ainda estaria viva. Eu não consigo acreditar, eu não sei entender, simplesmente saí e quando voltei, ela tinha se engasgado com seu sangue, e morrido. Angeline podia até não ter ido com a cara de Katherine, e ter errado as contas, mas sempre foi uma ótima funcionária. Sem dúvida alguma.
Chegamos em casa, num silêncio que me incomodava. Katherine só havia posto o casaco em todo o trajeto, e só soube manter seu rosto virado pra janela, com um olhar distante, parecia bastante traumatizada, mas não a culpava, eu ainda não tinha entendido como estava me mantendo forte assim, mas eu sabia que ia explodir mais hora, menos hora. Suspirei, guiando Katherine até meu quarto, e pegando uma garrafa de whisky. Não sabia o que me aguardava, por isso em situações críticas, o whisky me era indispensável.
- Vai, eu sei que precisa conversar, pode dizer. – Katherine disse com voz doce, apoiando as costas no apoio da cama, e batendo as mãos em suas coxas torneadas, avisando pra pousar minha cabeça ali, e eu apenas obedeci.
- Ah – suspirei – Eu só me sinto culpado. Kath, se eu não tivesse sido tão rígido e grosso com ela, ela poderia ter almoçado em paz e ter feito isso tudo depois, e não ter sofrido esse acidente terrível.
- A culpa não é sua, nem minha, nem da Mitchel. Não sabemos o que aconteceu Justin, fique calmo, nada disso é culpa sua.
- Mas por que eu me sinto culpado Kath? – tirei minha cabeça da coxa de Katherine, a deixando em meu travesseiro. – Me rouba um sorriso?
- Se eu te roubar um sorriso, você me rouba um beijo?
Aquelas palavras penetraram em mim, de uma forma tão forte, que eu puxei Katherine para meu corpo, começando um beijo diferente de todos os beijos que já dei. Ele tinha sentimento, tinha desejo, mas desejo de carinho, de afeto e de atenção. Eu tinha desejo de tê-la pra mim.
Paramos o beijo por falta de ar, e Katherine não parava de me encarar com desejo, e ao que parecia, entrega. Parecia estar negando os próprios princípios ao sentir assim, e me encarando, se afastou, indo até o banheiro. Não entendi ao certo, mas dei de ombros, colocando um pouco de whisky em dois copos.
Quando voltou, seus olhos estavam vermelhos, e levemente inchados. Parecia ter chorado, e absolutamente não era sobre a morte de Angeline. Parecia tonta também, não estava passando muito bem. Levantei rapidamente e a peguei, deitando na cama, dei um suspiro alto. Pensei que ela cuidaria de mim, mas acabei percebendo que quem precisava de cuidados não era eu, e sim Katherine.
- Se cubra, vou fazer um chocolate quente.
Eu não entendi muito bem aquela mudança repentina de humor depois de um simples beijo, se bem que não foi um simples beijo... Nós dois nos entregamos, de verdade mesmo. Foi forte e intenso. Fui até a cozinha e preparei um chocolate quente, rápido, mas a cena de Katherine frágil assim não me saía da cabeça, chegava a doer. Peguei a caneca e caminhei calmamente até meu quarto, e de joelhos, fui até Katherine, que permanecia calada e com um olhar distante.
- Toma aqui. O que houve? – entreguei a caneca e sentei, apoiando minhas costas no apoio da cama, colocando Katherine no meio de minhas pernas e fazendo carinho em seus cabelos.
Katherine suspirou e bebericou seu chocolate e o colocou sobre a mesinha de cabeceira, virando suavemente seu rosto pra mim, com algumas poucas lágrimas.
- Eu só faço tudo errado. Não deveria ter feito nada disso Justin, não deveria estar aqui, muito menos desse jeito – ela choramingava e a cada vez se encolhia mais.
- Por que diz isso? – perguntei a encarando e secando suas lágrimas – Não gosta de estar aqui?
- Justin, você é meu chefe, quer dizer, o que estamos fazendo? Isso é certo?
- Eu não sei, mas eu estou feliz, você não está? – a olhei nos olhos, e de repente eles já estavam cheios de lágrimas de novo.
Dei um suspiro alto.
- Fica deitada aí, eu vou resolver uns assuntos sobre a morte de Angeline e já volto. Fica bem, sinta-se a vontade.
Katherine’s POV.
Sequei minhas lágrimas e num suspiro profundo, terminei de tomar meu chocolate, que já estava morno. Eu não sabia o que tinha dado em mim, quando o beijei, eu só queria me entregar por inteiro, queria que eu fosse realmente dele, eu adoraria envelhecer ao lado dele, construir uma família, eu adoraria fazer parte da vida dele, mas que diabos eu estava pensando hein? Eu era uma assassina profissional. Tinha matado meu pai depois dele ter matado minha mãe, tinha matado um cara rico na Irlanda, uma mulher na Austrália e outra na Inglaterra, por que eu não conseguia matar aquele loirinho? Eu me sentia estranha quando estava com ele. Estranhamente cuidada, estranhamente amada e estranhamente entendida. Eu não sei o que pensar, não sei o que dizer, não sei o que agir quando estou com ele, e quando me olha nos olhos, e quando me toca, eu não sou mais Katherine White, e sou apenas a Kath, que tem nove anos e está em casa brincando de boneca, sozinha. Sou a Kath que sofria bullying na escola, indefesa, medrosa, e que precisa de atenção e carinho. Eu sentia que poderia ser apenas eu, nada de ganância, nem mortes, só... Felicidade, calma, carinho e amor. Era... Ótimo! Mas no fundo eu sabia que não poderia me entregar assim, e me acostumar com essa história. Por isso, peguei o copo de chocolate quente e o pus na pia, vendo Justin sentado sobre a bancada, falando ao telefone. O mesmo sorriu e piscou pra mim, mas eu apenas sorri de lado, pegando meu casaco e fazendo um pequeno aceno para o loiro, saindo de sua casa instantes depois.
- Ei, espera! – ouvi Justin me chamar, mas eu não virei, continuei apenas caminhando, mas então, o mesmo puxou meu ombro, me fazendo parar. – Eu preciso de você. Eu realmente preciso de você.
- Sinto muito, mas eu preciso me ajudar primeiro, tá? – beijei sua testa – Vou pra casa, depois me mande mensagem dizendo que providências tomou sobre o assunto Angeline. Preciso ir.
- Tudo bem – disse com pesar – Mas... Eu... Eu te amo Kath.
E essa frase me fez voltar ao meu estado de melancolia, correndo para fora daquela casa, querendo colocar meus pensamentos no lugar e apenas voltar a ser a Katherine White, assassina profissional, seca, dura e sem sentimentos, que matou o próprio pai aos dez anos de idade.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Capítulo VI - Culpa.


Faltava pouco tempo para a hora do almoço quando Justin havia chego e ao que parecia, estava cansado e estressado, mas nada que uma massagem minha não resolvesse, mas eu sentia que aquele não era um momento muito propício para isso. Resolvi por fim apenas suspirar e acariciar o rosto de Justin, dando um raso sorriso.
– Reunião difícil? – perguntei, ficando de frente para ele.
– É – suspirou – Sei lá é muita coisa, muita pressão e ainda teve a Angeline...
– Ela é meio estranha né? – suspirei falsamente – Mas não vamos pensar nela, tá bem? Foco no trabalho – sorri.
– Ou em outra coisa.
Assim que terminou de falar, puxou-me com força, fazendo nossos corpos chocarem-se e me fazendo sorrir involuntariamente – o que não era um bom sinal – e me deu um selinho demorado, fazendo carinhos circulares em minha bochecha. Partimos o selinho e eu mordi seu queixo, sorrindo.
– Sério Justin, agora é foco. A Angeline cometeu um erro brutal nesses relatórios, eu estive analisando e, ou tem alguém te roubando, ou ela fez a conta errada, porque seus negócios diminuíram em 10%.
– Impossível, esse tem sido nosso melhor ano! – Justin disse pegando o relatório em questão.
– Então ela fez a conta errada – sorri de lado – Não acha melhor pedir pra ela refazer?
– Isso que eu vou fazer, agora mesmo.
– Mas faltam cinco minutos pro almoço!
– Isso é um assunto crítico Kath, precisa ser reavaliado agora. E, vem comigo, de lá, vamos almoçar em algum lugar.
Optei por não dizer nada, apenas peguei minha bolsa de mão e acompanhada de Justin, fomos até o elevador, onde o loiro apertou o número 9. Não fazia nada, apenas observava, ele parecia irritado, mas ao mesmo tempo tranquilo ou animado, era estranho, eu não conseguia desvendar o que ele estava pensando. A porta se abriu e Justin saiu de dentro do elevador com passos firmes, me puxando para junto de si.
Como era uma sala por andar, assim que chegamos, já estávamos dentro da sala de Angeline, que tomou um susto ao nos ver por ali, principalmente a ME ver.
– Algum problema Senhor Bieber? – perguntou ela, me encarando.
– Há um problema sim. Preciso que refaça esse relatório, há algo errado nisso aqui.
– Agora? Mas Senhor, eu preciso...
– Agora sim Angeline, preciso disso pronto o quanto antes. E bem, vou almoçar agora, nos vemos daqui a pouco.
E sem que deixasse Angeline completar uma resposta em sua mente, Justin me puxou novamente para o elevador, me encostando na parede e mordendo meu lábio, puxando-o pra trás.
– Aqui não né Jus...
– É meio difícil de me controlar quando estou contigo.
– Mas se controle – ri e apertei o térreo – Não acha que foi muito duro com a Angeline?
– Agora que disse, acho que sim... Eu sei lá... Quando voltarmos, acho que vou me desculpar com ela.
– Faz bem – sorri falsamente. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Mitchel, avisando que já estava praticamente fora do prédio, mas claro, sem Justin perceber. E assim que a porta se abriu, lá estava o loiro, me guiando para junto de si pelo grande saguão. Algumas pessoas me encaravam, não entendiam ao certo como com pouquíssimo tempo de empresa Justin e eu nos mantínhamos tão próximos, mas apenas fiz que nem Justin, fingi que não era comigo e segui para fora, fingi que não era comigo e segui para fora, onde seu famoso porshe roxo estava parado, o que me impressionou bastante.
– Sabe de uma coisa? Amo esse carro, chefinho – sorri maliciosa e entrei no carro.
– É um dos meus favoritos.
– Um dos? Que modesto.
– Poxa, não faz assim – fez biquinho.
– Eu gosto.
– Bom saber.
Então Justin me levou pra um lugar não muito longe, apenas a duas ruas mais tarde. Era um pequeno restaurante, nada de fast food ou coisa do tipo, era um lugar bem intimista, bacana por sinal, o qual emanava um cheiro realmente bom.
– Acho que vai gostar daqui. – foi tudo o que me disse, até sentarmos na melhor mesa do restaurante, de frente para uma vista bonitinha, um lago com velas ao entorno. Coisa rara de se ver por aqui.
– É lindo, como achou?
– Minha prima trouxe a mim e a minha família aqui pra apresentar o marido, quando vi, me apaixonei. Eu sempre como aqui, é maravilhoso.
– Me surpreenda então – sorri, desafiando-o.
[...]
Terminamos de comer, faltando dez minutos para o fim do horário de almoço, o que não fazia muita diferença se atrasar ou não, já que estava junto ao chefe da empresa e então, Justin resolveu me levar para mais de perto do lago, onde pude perceber que as velas eram aromatizadas. Erva doce.
– Incrível Romeu, incrível mesmo.
– Romeu? E quem é a minha Julieta? – sorriu me abraçando pelo ombro.
– Vish, tem que procurar, acho que ela está perdida. – me esquivei, ficando de frente pra ele, cruzando os braços.
– Eu não acho isso.
– Eu também não, acho que ela fugiu de você.
– Fugiu? E por quê?
– Talvez por achar que não merecia seu amor, seu carinho... Sua doçura. – dei de ombros – Acontece. Enfim, vamos para o trabalho?
– Vamos – sorriu, me encarando fixamente.
Justin me abraçou pela cintura e saímos juntos, rumando o porshe. O caminho até a empresa foi silencioso, sem falas, apenas a música do Usher tocando suavemente. Justin estava pensativo, o que era de fato bom, o que o balançaria ainda mais a morte de Angeline, que por sinal, já devia ter acontecido.
Quando chegamos, havia uma grande poça se sangue bem de frente ao prédio, e várias pessoas em volta, perto de uma ambulância. Saí do carro imediatamente, checando-me se Mitchel estava lá, e estava, fingindo prestar assistência a pobre Angeline. Genial, simplesmente genial. Sorri fraco e virei-me para Justin, que parecia desesperado. Corremos para perto.
– AI MEU DEUS É A ANGELINE! O QUE HOUVE? – gritou o loiro, completamente atordoado.
– Eu sem querer a atropelei. Me desculpe meu carro perdeu o freio. Eu sou um monstro! – Mitchel fingiu remorso.
– E como ela está doutora? – perguntou ignorando o que Mitchel dissera.
– Infelizmente, ela está morta Senhor, ela se engasgou com o próprio sangue e morreu... Sinto muito!
Maravilhoso! Perfeito! Sabia que poderia contar com Mitchel, de longe, era umas dos melhores assassinas profissionais que conheço, e olha que eu conheço bastante. E olhe para o Justin, totalmente arrasado, o que era ainda melhor! Dessa vez eu tinha me superado, dessa vez, eu tinha me superado.
– Kath, vamos pra minha casa.
E assim, triste e quase chorando, Justin entrou em seu carro. Fiz um sinal discreto para Mitchel de “bom trabalho” e entrei em seu porshe, entrando no ambiente de tristeza e peso. O chefinho parecia mesmo abalado, o que era ainda melhor. Isso cheirava a culpa, a carência, e no fim de tudo, quem sabe, sexo? Afinal, nada melhor para desestressar, e se distrair.