quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Capítulo V - Angeline.


A ilha parecia ter sido desenhada, e até cenário de filme ou novela. Era paradisíaca, e um dos lugares mais lindos que já havia visitado. Com certeza meus olhos já estavam brilhando, porque, acredite se quiser, eu era uma assassina romântica. Mitchel e Chris não quiseram nos acompanhar no jantar, e Justin preferiu guiar ele mesmo o iate até a ilha. Não era 100% natural, pois quase que no meio da ilha, havia um pequeno restaurante, que era iluminado apenas a luz de velas, Justin dissera que não havia energia ali, e então pra qualquer coisa que precisasse fazer, teria de utilizar a vela.
- Está realmente lindo – sorri e sentei numa cadeira de frente a Justin.
- Espero que goste de macarronada.

[...]
Terça-Feira, sete e vinte da manhã.
Havia acordado com uma mensagem de Justin, avisando que me buscaria para ir ao trabalho, primeira vez me infiltrando na verdadeira fortuna do loirinho poderoso. Deixei minha roupa de dormir de lado, e tomei um banho rápido, posteriormente, prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo e vestindo uma camisa xadrez verde e rosa, uma saia de cintura alta, e um salto alto preto. Ouvi então uma buzina, peguei minhas chaves e casaco, dando uma olhada em volta do meu apartamento.
Roupas pelo chão, pedaço de pizza e bebidas na mesa de centro... É, eu precisava dar uma arrumada naquilo tudo mais tarde.
Corri para o elevador, onde o peguei cheio, e todos me encaravam fixamente, coisa normal desde que cheguei naquele prédio. A porta se abriu e todos me acompanharam para fora do edifício, mas todos ficaram em choque ao ver Justin Bieber acenando pra mim, ao lado de um porshe roxo. Ri um pouco da situação, e entrei no carro, ainda fazendo as pessoas me encararem.
- Pé na taboa! – ri e liguei o som do carro, que passava uma balada da Nicki Minaj.
- Ficaram surpresos? – Justin perguntou, rindo.
- Muito. E ah, eu acho que... Eu não agradeci por ontem. – mordi o lábio inferior.
- Claro que agradeceu Kath.
- Mas não da maneira certa.
Aproveitei que o farol acabara de fechar, e puxei o rosto de Justin pra mim, dando-lhe um beijo profundo e longo, parando só ao ouvir buzinas, alertando que o sinal já havia sido aberto. Virei meu rosto para a janela, fingindo estar com vergonha, e no fundo, mas lá no obscuro do meu fundo, eu estava com vergonha, o que não era uma coisa normal. Não pra mim. O caminho até a revista foi estranho, tentávamos conversar, mas não conseguíamos sustentar uma conversa por muito tempo, pois Justin olhava pra minha boca, hipnotizado.
Chegamos na revista por volta das oito e meia, e como era de se esperar, assim que saí do carro, ainda com a ajuda de Justin, todos me encaravam sem entender, e meninas querendo me matar, mordi o lábio inferior e entramos. Eu fiquei calada, apenas dava pequenos sorrisos, já Justin, me apresentava a todos, como sua secretária particular.
- Kath, vou ter que resolver umas coisas, mas vá ao 10° andar, na sala de número 20.
O elevador chegou não muito tempo depois. Entrei de pronto, apertando o botão de número dez em algarismo romano, mas antes que o elevador fechasse a porta, uma pessoa colocou a mão na frente, fazendo as portas se afastarem novamente e então entrou uma garota de cabelos avermelhados presos por um coque mal feito, com uma pasta verde em mãos. De pronto ela me encarou um pouco, mas deu de ombros, apertando o número nove, também e algarismo romano.
– Bom dia – disse educadamente.
– Bom dia – disse ela, de não muito bom grado. – Você vai a sala do chefe?
– Do Jus... Quer dizer, do Senhor Bieber?
– Isso – disse me analisando.
– Vou sim, ele me contratou ontem. Sou a nova secretária particular dele – disse esboçando um sorriso satisfeito.
– Ah, meus parabéns – a garota forçou um sorrisinho.
– Obrigada, a propósito, me chamo Katherine.
– Prazer, Angeline.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a porta do elevador abriu-se, e Angeline saiu, parecendo aliviada por sair dali. Dei de ombros e fitei meu reflexo no espelho do elevador, dando um sorriso a mim mesma.
As portas se abriram e eu dei um suspiro longo, e com passos decididos deixei o elevador. A sala de número vinte estava logo a minha frente, e parecia ser a única do andar. Apertei um botão, já que não havia maçaneta, e dentro de  segundos, a porta se abriu, dei um sorrisão, achando aquilo o máximo e adentrei na sala.
Recebi então, uma mensagem do chefinho.
“Estou subindo, me espere aí. Sinta-se a vontade Kath.”
Dei de ombros, optando por não responder a mensagem, e apenas sentei num sofá de couro preto, que havia mais ao canto, e numa estante, novamente a foto de sua mãe, e mais ao lado, foto de duas crianças. Será que ele tinha filhos?
A porta abriu-se e Justin adentrou, com aquele sorriso lindo nos lábios.
Por Deus, o que eu estava falando? Ah, foda-se, o sorriso dele é mesmo lindo.
- E então, faça eu me sentir útil – ri – O que eu devo fazer Senhor?
– Primeiro, me chame de Justin, não de Senhor, e em segundo, bom, seu trabalho será o seguinte, você precisa organizar essa papelada, e cuidará da minha agenda. Preciso que me lembre das reuniões, festas e eventos que eu preciso comparecer. E é isso. E aí, acha que dá conta?
– Mas é claro Se... Justin – ri colocando minha pasta colada ao meu corpo. – E minha sala, será onde?
– Será aqui comigo – ele sorriu simpaticamente. – Os móveis novos chegarão só mais tarde. Importa-se de trabalhar por enquanto sentada naquele sofá?
– Mas é claro que não! – sorri satisfeita, sentando-me no sofá indicado.
– E mais uma coisa, você tá linda – me deu um sorriso abobalhado e eu retribuí com um sorriso envergonhado. – Bom, agora eu preciso dar uma saída, preciso resolver umas coisas, nos vemos mais tarde, tudo bem?
– Tudo bem – sorri tirando as coisas de dentro da pasta. Bufei quase sem coragem, organizar aquela papelada toda levaria tempo, muito tempo. Havia desde currículos, até pulseiras Vips de festas que foi, para promover a empresa. De fato, ele era bastante desorganizado. Mordi o lábio inferior, tentando achar algum saco plástico, mas sem sucesso. Levantei-me e caminhei até a mesa de Justin, abrindo-a na tentativa de achar dois míseros saquinhos plásticos e então, a porta fora aberta pela mesma Angeline que havia visto antes, no elevador.
– O que você tá fazendo? O chefe sabe que você tá aqui? E mexendo nas coisas dele? Ai meu Deus, eu vou contar agora pra ele! – disse a ruiva, pegando seu celular.
– Não, você entendeu tudo errado, eu estou organizando as coisas pra ele e só estou procurando dois sacos plásticos pra separar os documentos.
– Minta como quiser Katherine, o Justin vai saber da verdade, vou até por no viva voz pra você escutar tudo.
– Escutar tudo o que? Angeline, por que você me ligou? Você sabe que eu estou numa reunião. – a voz de Justin soou do outro lado da linha e eu engoli em seco, torcendo pra que ele não acreditasse naquela vadia.
– Senhor Bieber, você não vai acreditar. Eu vim na sua sala para te entregar os relatórios das vendas, e peguei a Kim mexendo em documentos, e procurando algo na sua mesa – Angeline disse olhando para mim a cada palavra que dizia.
– Eu posso falar com ela? – Justin disse calmo.
– Claro – Angeline disse entregando-me de mau grado, seu aparelho celular.
– Oi Justin... – disse constrangida.
– Kath, o que tem a me dizer sobre isso?
– Foi o que ela disse Justin, mas ela não acredita que seja verdade – disse com voz manhosa – Eu estava separando os documentos da pasta que me entregou e precisava de sacos plásticos, se não, iam se misturar de novo. Fui à sua mesa, pra procurar algum, e a Angeline entrou. Foi isso.
– Tudo bem Kath, os saquinhos plásticos estão no lado esquerdo da minha mesa e Angeline, entregue o relatório para Kath e vá embora, e por favor, não me incomode novamente – disse firme.
– Sim Senhor – Angeline disse pegando seu celular, e o desligando. Sorri debochado para a garota, que pareceu me fuzilar com os olhos.
– Ouviu o chefinho né? Me dê o relatório.
– Eu não confio em você. Eu ainda te pego vadia. – Angeline entregou o relatório e saiu da sala com passos revoltosos.
– Idiota – ri sozinha, fechando a porta. Peguei então meu celular, ligando para Mitchel, que não demorou muito para atender.
– Alô? – disse ele, com voz sonolenta.
– Lembra que disse que me ajudaria caso aparecesse algum imprevisto? Tenho um caso pra você – disse sentando na mesa de Bieber.
– Pode falar maninha.
– Preciso que mate uma vadia do meu novo trabalho. Angeline não sei o que. Não tem como errar, ela tem o cabelo mais vermelho que se pode existir. Mas nada muito violento, um atropelamento e já basta.
– Eu faço, claro, mas por quê?
– Ela pode botar em risco meu plano todo. Agora preciso desligar, preciso trabalhar. E ah, não falhe! – disse nervosa e desliguei.
Ninguém, mas ninguém mesmo me chamava de vadia, tentava estragar meu emprego, e se dava bem. Tadinha de Angeline, tão nova pra morrer né? Que peninha...

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