segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Capítulo VII - Melancolia.


Justin’s POV

Meus olhos ainda marejavam, e Katherine me olhava assustada, com uma dose de compaixão. Meu peito doía, eu me sentia mal, quem sabe se eu não tivesse sido tão grosso com Angeline, ela ainda estaria viva. Eu não consigo acreditar, eu não sei entender, simplesmente saí e quando voltei, ela tinha se engasgado com seu sangue, e morrido. Angeline podia até não ter ido com a cara de Katherine, e ter errado as contas, mas sempre foi uma ótima funcionária. Sem dúvida alguma.
Chegamos em casa, num silêncio que me incomodava. Katherine só havia posto o casaco em todo o trajeto, e só soube manter seu rosto virado pra janela, com um olhar distante, parecia bastante traumatizada, mas não a culpava, eu ainda não tinha entendido como estava me mantendo forte assim, mas eu sabia que ia explodir mais hora, menos hora. Suspirei, guiando Katherine até meu quarto, e pegando uma garrafa de whisky. Não sabia o que me aguardava, por isso em situações críticas, o whisky me era indispensável.
- Vai, eu sei que precisa conversar, pode dizer. – Katherine disse com voz doce, apoiando as costas no apoio da cama, e batendo as mãos em suas coxas torneadas, avisando pra pousar minha cabeça ali, e eu apenas obedeci.
- Ah – suspirei – Eu só me sinto culpado. Kath, se eu não tivesse sido tão rígido e grosso com ela, ela poderia ter almoçado em paz e ter feito isso tudo depois, e não ter sofrido esse acidente terrível.
- A culpa não é sua, nem minha, nem da Mitchel. Não sabemos o que aconteceu Justin, fique calmo, nada disso é culpa sua.
- Mas por que eu me sinto culpado Kath? – tirei minha cabeça da coxa de Katherine, a deixando em meu travesseiro. – Me rouba um sorriso?
- Se eu te roubar um sorriso, você me rouba um beijo?
Aquelas palavras penetraram em mim, de uma forma tão forte, que eu puxei Katherine para meu corpo, começando um beijo diferente de todos os beijos que já dei. Ele tinha sentimento, tinha desejo, mas desejo de carinho, de afeto e de atenção. Eu tinha desejo de tê-la pra mim.
Paramos o beijo por falta de ar, e Katherine não parava de me encarar com desejo, e ao que parecia, entrega. Parecia estar negando os próprios princípios ao sentir assim, e me encarando, se afastou, indo até o banheiro. Não entendi ao certo, mas dei de ombros, colocando um pouco de whisky em dois copos.
Quando voltou, seus olhos estavam vermelhos, e levemente inchados. Parecia ter chorado, e absolutamente não era sobre a morte de Angeline. Parecia tonta também, não estava passando muito bem. Levantei rapidamente e a peguei, deitando na cama, dei um suspiro alto. Pensei que ela cuidaria de mim, mas acabei percebendo que quem precisava de cuidados não era eu, e sim Katherine.
- Se cubra, vou fazer um chocolate quente.
Eu não entendi muito bem aquela mudança repentina de humor depois de um simples beijo, se bem que não foi um simples beijo... Nós dois nos entregamos, de verdade mesmo. Foi forte e intenso. Fui até a cozinha e preparei um chocolate quente, rápido, mas a cena de Katherine frágil assim não me saía da cabeça, chegava a doer. Peguei a caneca e caminhei calmamente até meu quarto, e de joelhos, fui até Katherine, que permanecia calada e com um olhar distante.
- Toma aqui. O que houve? – entreguei a caneca e sentei, apoiando minhas costas no apoio da cama, colocando Katherine no meio de minhas pernas e fazendo carinho em seus cabelos.
Katherine suspirou e bebericou seu chocolate e o colocou sobre a mesinha de cabeceira, virando suavemente seu rosto pra mim, com algumas poucas lágrimas.
- Eu só faço tudo errado. Não deveria ter feito nada disso Justin, não deveria estar aqui, muito menos desse jeito – ela choramingava e a cada vez se encolhia mais.
- Por que diz isso? – perguntei a encarando e secando suas lágrimas – Não gosta de estar aqui?
- Justin, você é meu chefe, quer dizer, o que estamos fazendo? Isso é certo?
- Eu não sei, mas eu estou feliz, você não está? – a olhei nos olhos, e de repente eles já estavam cheios de lágrimas de novo.
Dei um suspiro alto.
- Fica deitada aí, eu vou resolver uns assuntos sobre a morte de Angeline e já volto. Fica bem, sinta-se a vontade.
Katherine’s POV.
Sequei minhas lágrimas e num suspiro profundo, terminei de tomar meu chocolate, que já estava morno. Eu não sabia o que tinha dado em mim, quando o beijei, eu só queria me entregar por inteiro, queria que eu fosse realmente dele, eu adoraria envelhecer ao lado dele, construir uma família, eu adoraria fazer parte da vida dele, mas que diabos eu estava pensando hein? Eu era uma assassina profissional. Tinha matado meu pai depois dele ter matado minha mãe, tinha matado um cara rico na Irlanda, uma mulher na Austrália e outra na Inglaterra, por que eu não conseguia matar aquele loirinho? Eu me sentia estranha quando estava com ele. Estranhamente cuidada, estranhamente amada e estranhamente entendida. Eu não sei o que pensar, não sei o que dizer, não sei o que agir quando estou com ele, e quando me olha nos olhos, e quando me toca, eu não sou mais Katherine White, e sou apenas a Kath, que tem nove anos e está em casa brincando de boneca, sozinha. Sou a Kath que sofria bullying na escola, indefesa, medrosa, e que precisa de atenção e carinho. Eu sentia que poderia ser apenas eu, nada de ganância, nem mortes, só... Felicidade, calma, carinho e amor. Era... Ótimo! Mas no fundo eu sabia que não poderia me entregar assim, e me acostumar com essa história. Por isso, peguei o copo de chocolate quente e o pus na pia, vendo Justin sentado sobre a bancada, falando ao telefone. O mesmo sorriu e piscou pra mim, mas eu apenas sorri de lado, pegando meu casaco e fazendo um pequeno aceno para o loiro, saindo de sua casa instantes depois.
- Ei, espera! – ouvi Justin me chamar, mas eu não virei, continuei apenas caminhando, mas então, o mesmo puxou meu ombro, me fazendo parar. – Eu preciso de você. Eu realmente preciso de você.
- Sinto muito, mas eu preciso me ajudar primeiro, tá? – beijei sua testa – Vou pra casa, depois me mande mensagem dizendo que providências tomou sobre o assunto Angeline. Preciso ir.
- Tudo bem – disse com pesar – Mas... Eu... Eu te amo Kath.
E essa frase me fez voltar ao meu estado de melancolia, correndo para fora daquela casa, querendo colocar meus pensamentos no lugar e apenas voltar a ser a Katherine White, assassina profissional, seca, dura e sem sentimentos, que matou o próprio pai aos dez anos de idade.

Um comentário:

  1. Toda lindaa!!!!!!!!! LOOL s2s2s2
    Continue ou eu viro uma Katherine White e vou aí te mata. Te amo prima

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